28.5.07

Referência feminina

Eu queria blogar como ela, que eu conheci hoje.

A Gabi escreve em vários lugares legais - Digestivo, Webinsider, Você S/A, fala sobre comunicação e tecnologia, usa com maestria as ferramentas da web. E, olha que surpresa, ela cita euzinha em um post sobre inteligência feminina na rede.

Ok, a referência dela são meus textos no Digestivo, mas como eu não tenho escrito muito ali, o link para o Debaixo da minha pele vai sair daqui, do Paprica Picante mesmo.

16.5.07

New kids on the road




Comercial do Scénic Kids, automóvel da Renault com DVD, assinado pela agência de publicidade Neogama. O mérito da peça é o novo posicionamento para um carro cujo principal opcional nem é mais tão diferenciado assim. Fazer o quê? É preciso se destacar em um mercado super competitivo e com produtos cada vez mais parecidos. E como ser diferente sem poder lançar produtos radicalmente novos? A saída foi essa.

Para mim, a parte mais divertida do comercial é a das crianças em uma bagunça verdadeiramente rock’n roll. Highway Star, do Deep Purple, transmite o inferno em que pode se transformar uma longa viagem de carro com três pirralhos.

O contraponto é uma família tranqüila e feliz, viajando embalada por uma suave música clássica. Os pestinhas estão quietinhos no banco de trás, assistindo ao desenho que passa no DVD. Pai e mãe se olham em beatífica felicidade.

O filme me deixou enjoada. Não porque seja ruim, é que assistir DVD no carro dá náusea, assim como ler. Já comecei a imaginar aquelas três crianças vomitando no Scénic novinho, emporcalhando o banco. O casal teria que parar no acostamento, limpar a turminha e arranjar uma farmácia para comprar Dramin.

E depois, uma família que tem grana para comprar um Scénic dificilmente vai ter três filhos. A média de filhos por mulher hoje, no Brasil, é de 2,39, considerando todas as classes sociais e regiões. Nas famílias de renda mais alta, esse índice baixa para 1,1.

Claro, o DVD serve para acalmar qualquer quantidade de crianças e a situação do comercial é hiperbólica, servindo para materializar o benefício do produto. E eu também não faço parte do target (nem familiar, nem financeiramente), por isso preferia estar mais no carro rock’n roll bagunceiro do que no calminho com DVD.

De qualquer forma, uma leitora do Blue Bus compara as cenas do comercial com as viagens que ela fez quando criança e as que faz hoje com o filho, em que eles passam o tempo conversando e brincando. Eu também lembrei das viagens da minha infância.

Provavelmente rolava umas confusões entre eu e meu irmão. Porém, duas coisas nos acalmavam. Primeiro, as broncas da minha mãe. Segundo, as brincadeiras de contar os caminhões azuis da Sadia, adivinhar a marca do carro que vinha em sentido contrário e fazer a estatística das cores mais comuns.

Nada é mais como antes. Nem as crianças, nem os pais e nem os Mercedes de cara redonda da Sadia.

***

Publicado originalmente no Digestivo Cultural.

14.5.07

Pagar caro e não ver o show? Era só o que faltava

O respeito aos direitos do consumidor já evoluiu bastante, mas parece que ainda não chegou ao setor de entretenimento, mais especificamente o de bares.

Sábado eu decidi tirar o mofo e cair na balada. Show do Mombojó no Era só o que faltava, mesmo sendo longe de casa e achando extorsivo o valor que eles cobram por uma tulipa: R$ 4,00 por 300 ml da bebida para um lugar em que você já paga para entrar, é exploração.

Comprei o ingresso antecipadamente, ou seja, já garanti a grana para o bar. O ticket informava que o show começaria às 23 horas. Aquelas letras impressas com tanta convicção me fizeram acreditar neles. Afinal, se não tivessem hora para o início do show, não precisariam colocar no ingresso, certo? Mesmo assim, decidimos ligar para confirmar. Falaram que começaria mais tarde, por volta de 23h30. Ok, razoável.

Chegamos lá perto das 23h e paramos no bar ao lado para tomar uma cerveja grande e diminuir o prejuízo lá dentro. O dono do Era aparece e diz para ficarmos tranqüilos. A banda ainda estava passando o som, o galpão do palco estava fechado e as pessoas estavam se espremendo para entrar.

Lá por meia-noite, seguindo a dica dele, entramos. O galpão já estava aberto, mas nada da banda. Os roadies ainda estavam testando o som. O lugar já estava lotado. Para acalmar as pessoas, começaram a tocar Los Hermanos. Deu certo com umas neo-ripongas, que cantavam empolgadas e atenuavam o clima de revolta.

Ficou na cara que havia muito mais gente do que o espaço do show permitia. Na hora de vender os ingressos, eles devem ter considerado a capacidade da casa e não o do ambiente do palco. Uma puta sacanagem, porque as pessoas pagaram 15 ou 20 pilas não para ver o show do telão, e sim ao vivo. Nem isso, porém, foi possível. Quando a banda começou a tocar, não se ouvia nada do lado de fora do galpão. O som pifou.

Ainda bem que conseguimos pegar o dinheiro do ingresso de volta sem muito problema, o único aspecto positivo da experiência. Mas muita gente saiu de lá injuriada e no prejuízo.

O pessoal do Era foi muito mala de vender aquela quantidade de ingressos e de não cuidar da parte técnica. Fica a sensação de que consumidor de show pode ser tratado de qualquer jeito, porque ninguém vai reclamar. Acho que as coisas estão mudando, e as pessoas ficando mais exigentes. Eu, por exemplo, vou pensar duas vezes antes de encarar outro show na casa.

Da noite, fica a boa lembrança das cervejas e dos espetinhos consumidos no esquenta no República. Que também é do mesmo dono do Era, então com a gente ele ainda teve lucro.

8.5.07

Quer que eu desenhe?

Sem tirar a cutícula, por favor.
*
De vermelho escuro, bem fechado.
*
Não tem problema, eu já pintei assim outras vezes e deu certo.
*
Ok, só o canto. Na base da unha não.
*
Porque me machuca. A pele levanta, fica sensível.
*
Sim, eu fazia com freqüência. Mesmo assim incomodava.
*
JÁ FALEI PRA NÃO TIRAR A CUTÍCULA, PORRA!

3.5.07

Creme de Brócolis

Essa foi inspirada em uma versão publicada num encarte de ofertas do Mercadorama. Mas achei que os temperos deles estavam meio fraquinhos, então decidi dar uma incrementada. O creme fica muito gostoso e te dá uma sensação boa de estar comendo algo bem saudável e nutritivo. Também tem um quê de sofisticação e é uma ótima pedida para servir aos amigos.

Ingredientes
- um brócolis (eu usei o tipo japonês)
- 1/2 litro de leite (mais ou menos)
- 1/2 xícara de vinho branco seco
- 1 colher de sopa de maizena
- 1 pacotinho de caldo de legumes em pó
- alho (uso granulado quando estou com preguiça)
- noz moscada, pimenta do reino, sal
- azeite de oliva

Modo de preparo
Pegue um panelão, coloque azeite e refogue o alho. Quando estiver douradinho, acrescente as arvorezinhas do brócolis (previamente lavadas e cortadas, claro) e refogue-as com um pouco de sal até ficarem macias. Nessa hora, segure a tentação de comer o brócolis assim mesmo, porque o cheiro é delicioso!

Quando o dito cujo estiver quase pronto, mas ainda um pouco firme, acrescente o vinho branco e espere secar. Até lá, o brócolis vai estar no ponto. Então coloque-o no liquidificador e acrescente o leite, o caldo de legumes, a maizena, a noz moscada e a pimenta. Bata tudo até ficar um creminho ralo. Quanto mais você bater, menos vai sobrar na peneira na hora de coar.

Você pode coar o creminho direto na panela em que havia refogado o brócolis (assim aproveita os pedacinhos que ficaram grudados). Ligue o fogo novamente e vá mexendo até engrossar. É hora de verificar se está bom de sal e de temperos. Como o brócolis é meio adocicado, a pimenta e a noz moscada ajudam a deixar o creme mais picante.

Quando estiver pronto, sirva em pratos fundos, bowls ou até em canecas. Agora, vem a parte boa: acrescente pedacinhos de queijo amarelo (mussarela, prato, etc.) ou parmesão. Eles vão derreter no creme quente e vai ficar simplesmente divino!

Outras dicas
Seguindo a receita original do Mercadorama, você também pode “fritar” pedacinhos de queijo branco na frigideira e colocar no crème já pronto. Outra possibilidade é incrementar com torradinhas ou croutons. Fazer croutons é fácil: corte pão velho em cubinhos e frite com um pouquinho de azeite.

2.5.07

Maridos em supermercados

Quer saber um momento em que eu sinto verdadeira ternura pelos homens? Quando eles se perdem em meio à variedade de produtos nas prateleiras dos supermercados, sem conseguir encontrar o que a mulher pediu para eles comprarem.

Dia desses, peguei um desolado em frente aqueles pacotinhos de tempero, falando baixinho ao celular.

- Amor, tem pimenta branca, pimenta calabresa e pimenta do reino, mas não tem pimenta para chili.

Não esperei para ver o resto da conversa, se ia ser bronca ou um ok compreensivo. E também não consegui encontrar a tal pimenta para chili, porque se achasse, teria ajudado aquela pobre alma.

Outra vez, um homem de terno, estilo executivo, procurava em vão algo entre as margarinas. Ao telefone, explicava à mulher:

- Não tô encontrando margarina culinária. Tem margarina light, manteiga em papel, manteiga em pote… Em tablete? Mas não tem nada assim aqui…

Fiquei por perto até terminar a conversa. Imaginei a mulher em casa, impaciente, maldizendo a incompetência daquele marido tão distinto. Quando desligou, apontei as embalagens de margarina apropriada para cozinhar que a esposa estava aguardando.

- Oi, desculpa, acabei ouvindo a conversa, acho que é essa aqui que você está procurando.

Ele me olhou, sorriu aliviado e disse um obrigado tão sincero que eu me senti quites com a minha boa ação do dia.

Espero que, se algum dia for necessário, também façam o mesmo por meu marido. Eu ficaria profundamente irritada se ele não conseguisse encontrar as coisas mais óbvias da lista de compras.