15.10.06

Criatividade "requentada"

Tem se falado muito em "crise da publicidade" ou "crise da criação publicitária". Acho que essa crise tem a ver com os novos meios, com a nova maneira pela qual os consumidores se relacionam com as marcas e com as mídias. Mas também parece ser uma crise de conteúdos, de idéias.

Tudo bem, a gente sabe que nem sempre o cliente ajuda. Às vezes a agência tenta, mas o anunciante faz do jeitinho dele. E aí acontecem umas "coincidências", umas "referências" explícitas demais.

Esses dias tinha um outdoor de uma concessionária Citröen com a chamada "Quem compara compra Citröen". A idéia, segundo o dono da agência que veiculou esta peça, era mostrar a relação custo-benefício do carro. Só que essa chamada é idêntica a um slogan da Consul, utilizado na segunda metade da década de 1990, talvez em 1996 ou 1997: "quem compara compra Consul".

Abordar a relação custo-benefício é informação de briefing, é USP (unique selling proposition). Agora, o COMO abordar esse aspecto, é da alçada da criação publicitária. A chamada, portanto, por mais banal que seja, por mais que pareça apenas "um argumento de venda", tem recursos de criação. Utilizá-la novamente é uma falta de, digamos, trabalho de criação (para não dizer outras coisas).

A Gazeta do Povo também faz dessas. A estratégia deles é mais sutil, mas a gente nota de onde vêm as "idéias" presentes na comunicação do jornal.

A Folha de S. Paulo tem um ratinho como mascote de seu serviço de classificados. A Gazeta lançou um coelhinho para o mesmo "cargo", bem parecido com o roedor paulistano, por sinal. Agora, o jornal curitibano está usando um casal nos comerciais de assinatura - estratégia parecida com a campanha Paulo e Bia, do Estadão, vencedora de vários prêmios de marketing direto.

A diferença é que, na campanha do Estadão, as pessoas podiam votar em quem vendia melhor: o Paulo ou a Bia? Na campanha da Gazeta não existe essa interatividade.

Porém, é preciso reconhecer que, apesar de a idéia não ser original, os atores estão ótimos.

8.10.06

Entre a cruz e a caldeirinha

Eu votei no Alckmin. Não foi uma escolha de coração, muito convicta, mas era meu preferido entre as opções. Entre ele e o Lula, o governador de São Paulo me pareceu o melhor. Tenho a percepção de ser um cara sério, preparado. Mas depois que ele fechou um apoio com o casal Garotinho, começo a questionar minha opção.

E então, o que fazer no segundo turno?

De um lado, um presidente que não toma uma atitude exemplar em relação ao que tem a ver com ele nesses escândalos todos. De outro, um candidato que se torna arrogante depois que vence o segundo turno e recebe apoio de gente reconhecidamente corrupta e desclassificada. Fica difícil, né?

O que mais me dá pena é que, se o Lula não ganhar, vai ficar no ar a idéia de que nenhum candidato popular, fora dos círculos tradicionais do poder, tem condições técnicas ou morais de governar o Brasil. E isso não é bom.

Lastimável. Espero que algo aconteça nessa segunda fase da campanha para facilitar minha escolha.