21.12.05

Feliz Natal!

13.12.05

Minha lista de presentes de Natal

Querido Papai Noel

Preciso confessar que gostaria de ter sido mais boazinha neste ano que passou, mas acabou não rolando. Mesmo com as gotinhas da homeopatia, meu gênio não melhorou muito.

Gostaria de ter gritado menos, ter sido menos ranzinza e rancorosa; preferia ter sido mais calma, equilibrada e controlada; deveria ter feito mais exercícios e menos tempestades em copos d´água já tão perto de transbordar. Mesmo assim, me arrisco a fazer uma listinha de presentes. Deixo para você decidir se mereço ou não ganhá-los, ok?

1) válvula de pressão para segurar a onda quando o sangue ferve
2) espelho para enxergar verdades
3) óculos para ver nos outros o que eles mostram e a gente não presta atenção
4) um salto bem alto e bem firme para ajudar a manter o nível nas situações críticas
5) dispositivo para amolecer o coração
6) interruptor para desligar pensamentos sombrios nas noites de domingo
7) inibidor de superego
8) dispositivo de abstração de situações absurdas
9) kit felicidade: saúde, paz, gratidão e bom humor
10) um adidas creme e rosa, que ninguém é de ferro.

É isso aí, Santa Claus. Espero que você apareça lá em casa na noite do dia 24. Nem que seja só para me dar um abraço bem apertado e um beijinho de Feliz Natal.

5.12.05

Ferida profunda

Como o churrasco seria em uma chácara, ao ar livre, aproveitei para levar o cachorro. O bichinho nunca vê mato, no máximo a grama e os tufos que conseguem vencer as pedras das calçadas. Mas como ele não obedece e sai correndo, ficou preso a uma árvore, com seus 5 metros de guia marcando o diâmetro da área em que poderia circular. Um pedacinho de carne jogado aqui, um ossinho largado ali, e ele foi fazendo a festa. De vez em quando, alguém ia até perto dele e fazia um cafuné.

Eu não vi quando o outro cachorro chegou. Estava na "casinha" fazendo xixi e escutei o choro alucinado. Terminei calmamente porque havia muita gente ali para ajudar. Se eles pensaram que eu ia ficar histérica e desvairada, estavam muito enganados. Não é porque eu adoro o cachorro que ia derrubar a "casinha" e sair correndo com a calcinha no meio dos joelhos e um pedaço de papel higiênico na mão. De mais a mais, entremeada aos gritos lancinantes, uma voz dizia "calma, calma, tá tudo bem, já passou".

Os choros diminuiram e se transformaram em gemidos carregados de dor e revolta. Digam o que quiserem, mas os cachorros também expressam raiva, tristeza, humilhação. Ele olhava desconfiado para as pessoas que o acalmavam e se encolhia todo sob as mãos que lhe alisavam o pelo molhado da baba do grande cachorro preto.

Apesar dos gritos, não havia ferimento aparente. Depois de um tempo, ele voltou a latir pelos pedacinhos de carne e a fazer festa para quem lhe desse atenção. Continuou bem a tarde toda e voltou dormindo no carro. Mas quando chegou em casa, foi para seu lugar no sofá e lá ficou. Deitado, com a cabeça apoiada nas patinhas esticadas à frente, olhava de baixo para cima com os olhinhos bem pretos e úmidos. Era o olhar de quem havia sido vítima de uma injustiça.

Não tem como saber o que ele está pensando desde o ataque do outro cachorro. Mais tarde, quando percebi que certos movimentos eram acompanhados de gemidos, examinei novamente o corpinho e encontrei a mordida. Havia um pequeno furo de um lado e um arranhão de outro. Apesar da dor física, penso que o principal machucado tinha sido no orgulho dele.

Por estar preso, não pôde se defender adequadamento do outro cachorro. Mesmo sendo um pequeno poddle, nunca teve medo de raças maiores e sempre colocou limites quando as brincadeiras ultrapassavam o ponto em que ele as considerava seguras ou agradáveis. Ser atacado por um cão maior e solto era covardia. Talvez seja por isso que seu olhar esteja transmitindo muito mais tristeza do que dor física.

O pior quando se sofre uma violência é não poder reagir. A sensação de impotência traz sérios danos ao orgulho e à auto-estima. Mesmo depois de já ter começado a cicatrizar, vejo que a ferida é muito mais profunda do que aparenta, chegou ao coração do cachorro. Ele vai se recuperar. Mas enquanto isso, anda quieto e sem graça pela casa. Ele aprendeu, de uma maneira difícil, o quanto dói uma injustiça.

2.12.05

Pearl Jam, parte II - estatísticas

Uniforme básico da galera:
1) camisa do Pearl Jam
2) camisa do Ramones
3) camisa preta
4) sem camisa

Homens x mulheres:
70% x 30%

Cotação da cerveja:
R$ 3,00 (na banca)
R$ 4,00 (no ambulante)
R$ 5,00 (no câmbio negro, após 21h30)

Idiomas:
1) Português
2) Portinglês (Eddie Vedder)
3) Embromation (galera cantando)
4) Deutsch (um pirado pedindo informação na porta do banheiro)

Metáforas:
1) Show Orkut: onde você encontra colegas de escola e faculdade que nunca mais tinha visto.
2) Show de Fé: você não consegue ver o Eddie Vedder à distância, mas acredita piamente que é ele quem está lá.

Tipos de público:
1) público carteira de estudante - de 15 a 25
2) público leite em pó - acima de 25
3) público relógio - acima de 45, contando as horas para acabar o show e levar as crianças pra casa

Cardápio da noite:
1) Skol
2) Skol
3) Nova Schin
4) Nova Schin
5) Nova Schin
6) sprite genérico
7) crepe
8) suco de goiaba com cenoura

Cardápio da manhã seguinte:
Água, água, água, café, neosaldina, água.

Atividade física:
1) caminhar até a Pedreira
2) andar até a banquinha de cerveja
3) pular no lugar
4) correr atrás do Interbairros II
5) rastejar até o chuveiro
6) cair na cama

Pearl Jam: jornalista fala o que quer e ouve o que não quer

Uma jornalista da Gazeta escreveu um artigo na edição on line sobre o show do Pearl Jam (leia aqui), ontem. A moça desanca o show, mas o problema não é esse. Ela parece não ter estado por lá. A galera não gostou e, desde ontem, o perfil dela no Orkut tem recebido scraps de protesto.


A Gazeta do Povo é tão ruim, mas tão ruim, que nem publicou uma matéria decente sobre o show ontem. O UOL, que nem é daqui, já tinha colocado a cobertura na internet antes mesmo da meia noite do dia 30.


E por falar em textos sobre o Pearl Jam, semana que vem, dia 8, sai a minha versão, no Digestivo.

30.11.05

Coisas para se começar a fazer aos 31 anos...

e não parar nunca mais: usar Renew e contribuir para um plano de previdência.

29.11.05

No país da roubalheira, nem Papai Noel tá escapando

Quem mora em Curitiba já deve estar acompanhando as campanhas de Natal na TV, inclusive a do Shopping Crystal. Pois bem, durante todo este ano o shopping tem usado animações em seus comerciais. São filmes bonitinhos, simples, adequados ao posicionamento do empreendimento: um shopping-butique, frequentado por quem tem dinheiro ou quer parecer que tem.

O VT de Natal também é uma animação - um estilo extremamente relacionado ao universo infantil. Na historinha, Papai Noel desce por uma chaminé com seu enorme saco de presentes. Ao chegar perto da árvore da Natal, vê uma sacola com a marca do Crystal. Os cortes entre a imagem do seu saco e da sacola representam a dúvida do bom velhinho. Depois de tanta hesitação, ele pega sacola e vai embora. Gente, Papai Noel, aquele que cobra das criancinhas bom comportamento o ano todo, roubou a sacola no filme do Shopping Crystal!

Sorry, não há argumento criativo que justifique os valores que estão sendo transmitidos nesta campanha. Se um presente deste shopping é um desejo de consumo tão irresistível que até um ícone de bom caráter, como o Papai Noel, recebe "licença" para roubá-lo, melhor não reclamar se algum trombadinha levar a sacola da madame quando ela sair do Crystal.

25.11.05

Um homem com uma dor é muito mais elegante

um homem com uma dor / é muito mais elegante / caminha assim de lado / como se chegando atrasado / andasse mais adiante / carrega o peso da dor / como se portasse medalhas / uma coroa um milhão de dólares / ou coisa que os valha / ópios édens analgésicos / não me toquem nessa dor / ela é tudo que me sobra / sofrer, vai ser minha última obra

Quando ouvi no carro, era Zélia Duncan quem estava cantando. Dei uma googleada para achar a letra completa e descobri que Itamar Assumpção foi quem musicou. A melodia é uma graça, tem tudo a ver com a letra. Que é de Paulo Leminski.

Acho que eu gosto muito desta música porque sempre me senti atraída pelos homens quietos. Uma festa, barulho, gente se divertindo e dançando. Adivinha pra quem eu vou olhar? Para aquele cara encostado na parede, tomando uma cerveja long neck. Ele, provavelmente, vai estar usando jeans e camiseta, algo básico, simples e despojado. O homem com uma dor não usa roupas extravagantes.

Esses caras que observam as festas em silêncio me parecem homens digerindo alguma dor. Pode ser um coração partido, uma crise existencial, um tédio da vida. Mas o importante é que eles sentem. E, ao contrário das mulheres, os homens saem sozinhos só para olhar e beber. Porque talvez seja mais fácil lidar assim com a tal dor. Sem remoer, deixar ela ali, quietinha, cumprindo seu ciclo.

Um homem desses pode sorrir para você, mas vai continuar com os olhos tristes. Vai conversar e ser agradável, mas sem contar vantagens. Talvez fale do seu sofrimento, mas sempre rindo de si mesmo, sendo irônico ou irreverente. E se ele por acaso vir a lhe beijar, vai ser um beijo adulto, maduro, profundo. Vai parecer que ele sabe tudo do mundo e da vida e provavelmente não vai compartilhar com você. Porque ele alcançou um patamar muito além do qual você, menina frívola, poderia compreender.

É por isso que, no dia seguinte, ele não vai ligar. E nem na outra semana, e nem no outro mês. Porque essa dor é a desculpa que ele dá para nunca precisar amar alguém. E é covardia tentar concorrer com uma dor assim tão sedutora, tão nobre e que combina tanto com ele.

19.11.05

Coloca o boné...

... que fica bonito em você.
Ridícula sou eu de dizer o que você deve ou não vestir.
Que cobro que você tenha estilo e limito quando você tenta.
Porque digo que ele deixa você com cara de delinqüente.
Mas reclamo do seu jeito de bonzinho.
Põe de uma vez esse boné e me faz ver quem você é.

18.11.05

Quem desacata quem?

Na recepção da Delegacia da Polícia Federal em Curitiba, diversos cartazes espalham-se pelas paredes e reproduzem o trecho do Código Civil (?) que informa sobre as penalidades para o "desacato à autoridade". Além do xerox em folha A3 da lei, outros cartazes destacam o comentário de algum jurista qualquer sobre a questão do desacato.

Não lembro de cor dos textos, mas guardei que desacato inclui ofensas, xingamentos, palavras de baixo calão, ironia e até "gritos estridentes". Queria saber se existe algum item do Código que aborde o desacato ao cidadão, ao contribuinte, ao ser humano de forma geral. Se existir, ele não está colado em cartazes nas paredes do órgão.

O primeiro pensamento que me veio à cabeça é que, se os policiais sentiram necessidade de intimidar as pessoas que frequentam a delegacia com essa exposição da lei, significa que o desacato é comum por ali. O que você acha: é comum porque as pessoas são todas histéricas, descompensadas e estúpidas, ou porque a burocracia e a falta de educação de alguns funcionários públicos levam até o mais paciente e tolerante dos homens à loucura?

O paradoxo é que ao lado de um dos cartazes, um delegado com vozeirão de trovão despejava sua brutalidade e impaciência sobre as pessoas que esperavam na fila. Cobrava, grosseiramente, documentos que já estavam em suas mãos, mas que ele não havia visto; ironizava os papéis incorretos apresentados pelas pessoas; desrespeitosamente, chamava a atenção de senhores e senhoras com idade para serem avós dele.

Pelo menos, os funcionários que atendem na parte interna, no balcão, são mais educados e eficientes. Um contraste em relação ao brutamontes da recepção. Que, mesmo se tivesse razão, não poderia tratar as pessoas daquela forma. Como trabalha no serviço público, deveria compreender que em um país como o Brasil, onde grande parte da população não tem acesso à informação e à educação, tramitar com desenvoltura pelos meandros da burocracia é uma façanha para poucos. Com certeza, não para as pessoas simples e idosas que ele desancou naquele dia.

11.11.05

Um nenê na mesa do bar




Esse é o nenê. Ele está largado na mesa do bar, em meio ao sal que pulverizaram na batata frita, mas que acabou temperando a madeira.

Perigosamente perto espalham-se mini poças de cerveja, líquido derrubado no afã de alguma piada.

Abandonado entre os copos e os pratos, parece um serzinho carente e desprezado. Mas ele sabe que é muito amado.

Daqui a pouco, o nenê vai pra casa descansar até o outro dia, quando vai fazer bungee jump na ignição.

9.11.05

Pérolas (aos porcos) da sabedoria popular

Noite de terça-feira em uma das mesas do Iggy Rock, em Curitiba:
- Alguém viu meu copo?
- Copo é que nem cu: cada um cuida do seu.

No Rio, também vou de ônibus

Luciene, sua temperada engrossou o caldo no quesito "ônibus" dessa minha cachola. Mal sabe você que, das experiências que tive no Rio de Janeiro, a maioria tem a participação especial de um coletivo.

Em 1995, eu e minha amiga fomos ao Barra Shopping de 175, a despeito de nos desaconselharem a idéia. Duas curitibanas bobonas e branquelas passando na Rocinha não era seguro. Aí é que a gente foi mesmo. A contestação tem o poder de transformar qualquer episódio rotineiro em aventura.

Nas mesmas férias, voltamos de Cosme de Velho à noitinha e pegamos um ônibus cujo motorista era completamente alucinado. Então ficamos na parte de trás, agarramos naqueles ferros e entregamos nossa alma ao Cristo Redentor que tínhamos acabado de visitar. Foi super divertido, até porque a gente percebeu que na hora do rush o movimento não deixa ninguém passar muito tempo correndo.

A terceira experiência aconteceu no Carnaval deste ano. Fomos de ônibus até Santa Teresa porque o bondinho estava em greve. Subimos até o Corpo de Bombeiros, de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade. Mas que subida! À toda velocidade, o ônibus escalava as ruas estreitas e cheias de curvas sem nem dar por isso. Passava perto dos parapeitos e rabeava a traseira.

Agarrada no banco com as mãos suadas, torcia para não aparecer nenhum cachorro ou criança na frente daquele bólido tresloucado. Das duas uma: ou ele ia frear e cairíamos todos sobre as pitorescas casinhas que iam ficando para baixo, ou atropelaria quem tivesse na rua. Depois disso, as curvas do aterro do Flamengo foram fichinha.

Parece que andar de ônibus no Rio é uma experiência de extremos. Não sei o que foi pior: passar tantos sustos com a correria dos motoristas ou levar 20 minutos apenas para dar a volta em uma quadra de Copacabana.

Um caminhão de lixo resolveu fazer o mesmo trajeto e acabamos ficando atrás dele, acompanhando a coleta dos sacos plásticos, o esvaziamento dos latões e o cheiro dos restos entrando pelas janelas. Finalmente, conseguimos escapar e rezamos à Nossa Senhora de Copacabana para que nos protegesse do motorista que desembestava pela rua por conta do atraso.

Tenho um carinho especial pelos ônibus do Rio. Deve ser porque eu não preciso andar neles todos os dias. Quem sabe não inventam um roteiro turístico à base de coletivos? Conhecer a cidade vai ser ainda mais emocionante.

8.11.05

Vou de ônibus

Costumo brincar com o fato de andar de carro quando meu noivo praticamente só anda de ônibus. Ele é muito bem-humorado e talvez seja a única pessoa para quem posso falar tudo o que penso, todas as brincadeiras, os trocadilhos infames e as falas hipotéticas de pessoas e situações hipotéticas que surgem da minha imaginação, sem que ele me julgue mal por isso. Aliás, foi o que nos aproximou: a tranquilidade em lidar com a ironia, sem ter que ficar explicando ou se justificando depois.

É por isso que quando falei para ele, hoje de manhã, que não teria problema em ir ao trabalho de ônibus, já que é importante, de vez em quando, ficar junto ao povo, ele não me achou uma babaca esnobe alienada. Deu risada e se divertiu. Teve a mesma reação das outras vezes em que fiz piadinhas do tipo. Quando chove, por exemplo, digo para ele não esquecer o guarda-chuva, uma preocupação típica de pessoas pobres, que não podem andar de carro, como eu. Ele ri, incrédulo, da minha cara de pau.

Hoje ele ficou com o carro e eu fui para o trabalho de ônibus. A linha que eu peguei passa por lugares muito agradáveis, estava vazia naquela hora e fez um trajeto que eu imaginava mais longo. Quando vi, já tinha chegado no ponto. Pulei orgulhosa para a rua e feliz em andar um pouco àquela hora da manhã. Encontrei a Eliza na pet shop que fica no caminho para a agência e ficamos namorando os cachorrinhos. Peguei dois bull terriers no colo e fiz carinho nas bochechas de uma bulldog. Continuamos andando. Quando cheguei na agência, a blusa de lã fedia insuportavelmente, mas meu humor estava ótimo.

Andar de ônibus só é romântico para quem o faz nessas condições. Precisar se espremer todo o dia, enfrentar frio e chuva no ponto e chegar tarde em casa por causa do atraso não é nada singelo. Mas como fez bem essa mudança na rotina. Realmente, é legal ficar perto do "povo". Antes das 9 e meia da manhã eu já tinha dado bom dia ao motorista e ao cobrador, conversado com a Eliza, tagarelado com os dois vendedores da pet shop e ganhado umas lambidas dos bull terriers. Quando eu conseguiria tanta interação logo de manhã, se tivesse ido trabalhar de carro?

26.10.05

Dulcineia e os visitadores

- Oi, tudo bem? Vim te fazer uma visita.
- Que bom que você veio, fique à vontade!
- Foi difícil te encontrar. Só consegui porque seu endereço está em uma lista que eu consulto de vez em quando.
- Pois é, faz pouco tempo que estou aqui, pouca gente sabe. Na verdade, enquanto não arrumar tudo, não vou divulgar muito o endereço. Os amigos vão encontrando, devagarinho.
- Bem, é meio estranho, né? Normalmente, quem vem para cá quer mais é receber visitas.
- Eu também quero mas, sei lá, parece que tá tudo meio improvisado ainda, sem um estilo definido.
- Olha, eu estou achando legal. É simples, clean, elegante.
- Puxa, que bom que você gostou. Assim fico até mais segura. Então venha conhecer o resto! Só não repara a bagunça…
- Que nada.
- Bem, aqui é a área de hóspedes. São poucos ainda, mas só quero os legais e os amigos.
- Ah, bacana.
- A área principal você já conhece.
- Sim.
- E esta é a área de visitas. Tem uma menina que vem sempre aqui, minha amiga, ela já é praticamente de casa.
- Pois é, tô vendo!
- Bom, é isso. Queria colocar algumas telas decorativas, deixar um pouco mais, digamos, atraente. Mas preciso encontrar quem me ajude com isso.
- É fácil, fala com o Administrador.
- Boa dica!
- Gostei muito de ter vindo aqui. Quero ver se apareço mais vezes.
- Vai ser um prazer, venha sempre!

(…)

- Oi, tudo bem? Coloquei seu endereço no meu espaço.
- Ah, obrigada, você é muito gentil! Talvez, com isso, mais gente venha me visitar.
- Com certeza!
- Amanhã vou retribuir, visitando sua home e lincando seu site no blog.
- Ok! Da próxima vez, coloco um post!

25.10.05

Receita para reunir os amigos

Quando eu tiver uma casa minha mesmo, vou querer que os cômodos se distribuam em torno de uma sala bem grande, projetada para estimular a convivência.

Nesta sala, vou deixar um sofá bom para deitar, almofadas no chão e uma estante de livros. Vou separar um cantinho para colocar o computador, de forma que quem precise utilizá-lo possa, ao mesmo tempo, interagir com as outras pessoas que ficam na sala.

Esta sala vai ser separada da cozinha somente por um balcão. Quem estiver na sala pode se reunir em volta desse balcão e conversar com quem cozinha, acompanhar o preparo dos pratos, beliscar os ingredientes. Poderá apoiar taças de vinho e copos de cerveja, copiar receitas, mostrar álbuns de fotos ou apenas descansar os cotovelos e sentir o cheirinho da comida.

Na sala desta casa, vou querer repetir encontros como os que aconteceram no meu apartamento. Reuniões de amigos que sempre rendem histórias interessantes e engraçadas.

Como a da amiga que chegou mais tarde, sóbria, e encontrou todos os outros bêbados e cheios de piadinhas, hilárias somente para quem já está com a língua enrolada.

Ou a da moça chique e fina que dormiu no sofá, ninada por lambidas do cachorro no rosto corado de vinho.

Tem ainda o risoto feito no escuro, em plena falta de luz elétrica, cujo ponto de cozimento foi sendo verificado através de fotos digitais.

E a da anfitriã que simplesmente abandonou o filme e o amigo e foi para a cama dormir, "très cozidá".

São reuniões como estas que eu quero repetir sempre e sempre, para que daqui a alguns anos a gente possa lembrar de todas as histórias engraçadas, de todas as piadas e todos os micos. E que essas histórias alimentem mais e mais conversas, jantares e brindes.

Risoto às cegas (o novo nome do Risoto Eisenbahn, feito com a deliciosa Dunkel e retirada do site da Cervejaria Eisenbahn).

Ingredientes

- 6 colheres de sopa de óleo
- 3 colheres de sopa de cebola picada
- 400g de arroz italiano para risoto (tipo arbóreo)
- 1 xícara de vinho branco seco
- 2 litros de caldo de legumes
- 200g de Amêndoas torradas e laminadas
- 200g de Damasco (deixar 5 minutos em água fervendo e cortar em tiras)
- 1 garrafa de cerveja Eisenbahn Dunkel
- 4 colheres de manteiga
- 4 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
- Cevada para decoração

Modo de Preparo

Doureas cebolas em 6 colheres de sopa de óleo. Junte o arroz e refogue por alguns minutos. Adicione o vinho branco e deixar evaporar o álcool. Junte aos poucos o caldo de legumes, quase em ponto de fervura, mexendo de vez em quando (à medida em que o arroz for secando, acrescente mais caldo). Depois de 15 minutos,junte as amêndoas e o damasco. Acrescente o líquido de uma garrafa de cerveja Eisenbahn Dunkel mexendo sempre para que finalize o cozimento por mais 5 minutos. Retire do fogo, acrescente a manteiga e o queijo parmesão ralado e mexa bem. Sirva direto no prato decorando com cevada e salsinha.

Dá para 4 pessoas se deliciarem.

20.10.05

Sumiu!

O blog sumiu do Google! Já vi que, além do Homem Indeciso, também existe buscador temperamental. Definitivamente, essa não é uma boa semana...

De saco cheio

Alguns jobs enchem tanto o saco, mas tanto, tanto, que tornam-se perigosos. Ainda vão acabar esterilizando algum criativo do sexo masculino.

18.10.05

Homens indecisos

Ontem me apaixonei por um homem. Ele era poderoso, cheiroso, inteligente, gentil e moderno.
Hoje, ele foi chato, implicante, vaidoso, seco e intransigente.
Ontem, estava feliz com tudo.
Hoje, mudou de idéia.
Eu também mudei.
Prometo não me apaixonar mais por ele assim tão facilmente.

13.10.05

Por que não escrevo testimonials no Orkut - making off

Quando ela me perguntou por que eu não escrevia um testimonial, dei uma resposta sem graça, tipo desculpa esfarrapada. Depois, aquilo ficou martelando na minha cabeça. Um belo dia, saiu a resposta, em forma de coluna no Digestivo Cultural.

É uma resposta pública para algo bem particular, mas no fim das contas foi bem ter feito assim. Primeiro, porque quando racionalizo eu me faço entender melhor. Segundo, porque a gente fala muito disso no Digestivo e a temática é atual. Terceiro, porque as pessoas gostaram. Meu Deus, como os leitores se manifestam quando se escreve algo que tem a ver com a vida deles.

Teve até cross media. Muita gente leu no Digestivo, acessou meu perfil no Orkut e deixou lá seu comentário. Fascinante!

Acho que ela não ficou satisfeita com a resposta, mas eu fiquei. Sou convicta de tão poucas coisas que me deixa feliz encontrar alguma e lutar por ela. Mesmo que seja apenas a opinião banal sobre deixar ou não testimonials no Orkut.

P.S.: veja só! Não tem depoimento, mas já tem uma coluna vista por milhares de pessoas e um post visto por ninguém. O que mais você pode querer? :)

7.10.05

Eu existo!

Hoje, pela primeira vez, o Páprica Picante apareceu em uma busca feita no Google. Agora, sim, a gente existe!

6.10.05

Zeno Sr.Com

O cara é um dos maiores publicitários da história do Paraná. Além de muita experiência, também tem muita coisa boa pra contar. Até pra quem não se interessa por marketing e publicidade. E sabe o que é mais legal? Ele faz isso em um blog.

O Zeno não é qualquer criativozinho de merda com um ego do tamanho do mundo e idéias que cabem em uma noz. Ele é realmente um senhor profissional. E agora, é um Senhor Ponto Com.

28.9.05

Sensodyne

Depois do almoço, a televisão ligada engole os últimos momentos de folga. Um pequeno intervalo antes do segundo tempo da segunda-feira. Ele assiste ao jornal enquanto ela, no banheiro, assiste aos dentes cada vez mais amarelos, aparecendo por trás do branco da espuma da pasta. Quanto será que custa um clareamento a laser?

A porta aberta deixa passar os sons das notícias do meio-dia. Altos e baixos da bolsa de valores; uma nova pesquisa sobre a educação brasileira; escândalos no governo; um prédio que desaba em alguma cidade pobre.

Ele seleciona as notícias para comentar com ela. Não sabe porque, mas acha que o desbamento pode interessá-la. Grita para alcançá-la no banheiro:

- Caiu um prédio.

Sentindo o dever de dar continuidade ao processo de comunicação, tão recomendada para a sobrevivência dos relacionamentos, ela interage:

- Onde foi?

- Em (...), ele responde.

A água está gelada e os dentes de trás doem quando enxágua a boca. Pensa que não deveria ter economizado na pasta de dentes. Será que aquela Sensodyne resolve mesmo? Olhando a água escorrer pelo ralo, misturada aos restos de espuma raiados de sangue, pensa que existem coisas mais importantes para se preocupar na vida. Acha que deve ficar chocada com a notícia do desabamento.

- Morreu alguém?

- Umas 10 pessoas.

A tragédia deveria comovê-la, mas não consegue sentir nada. Apenas um resquício da sensibilidade causada pela água gelada nos molares obturados. Tenta a indignação, mas mesmo esse sentimento mais distante, racional, parece amortecido. Desiste de buscar emoções que não existem e volta-se para suas pequenas tragédias. Atrasada, de volta. Chega na sala, o noticiário está no fim. A última matéria fala sobre a mais nova exposição de um artista conhecido e termina com um belo e frio sorriso da apresentadora.

Dentes brancos, ela pensa. Batom bom, não escorre. Será que a jornalista sente dor quando toma água gelada? Será que ela já fez canal? Será que usa Sensodyne?

Os caracteres sobem e a apresentadora volta o rosto para seu colega de noticiário. O sorriso agora transmite calor, alívio, orgulho e uma ponta de desprezo. Seria pelo artista incompreensível da última notícia ou pelos telespectadores voyeurs que ela sabe ainda estarem observando seus últimos movimentos?

- Imaginando a apresentadora com dentes cariados e um coração de gelo, ela sente-se menos culpada e retorna aos seus problemas. Atrasada, de novo. De noite vou passar na farmácia e comprar uma Sensodyne. Sorrindo íntima e orgulhosamente do trocadilho que acaba de lhe ocorrer, anota mentalmente a frase de efeito para alimentar o flerte com o colega de escritório: sou uma mulher sensível até os dentes.

22.9.05

A nova praia dos cariocas

Os cariocas têm um prazer especial em fazer pouco dos hábitos de lazer dos paulistanos. Uma das piadas recorrentes é encher a boca para dizer que praia de paulista é shopping center. Pois bem, parece que o mito caiu por terra.

Notícia no Blue Bus, que por sua vez faz referência à nota na coluna Gente Boa, d´O Globo, diz que os cariocas são chegados a um bate-perna pelos corredores de vitrines. Uma pesquisa encomendada pela Associaçao Brasileira de Shopping Centers mostra que 64% dos habitantes da Cidade Maravilhosa vão pelo menos uma vez por semana a um shopping. Em São Paulo, o índice é de 59%.

Pelo jeito, o sol, a praia e o boteco estão em disputa acirrada com o ar fresquinho e o fast food no lazer do carioca...

21.9.05

Que lindo dia cinza (em João Pessoa)!

Trechos de um blog de janeiro de 2001, postados por uma curitibana em seus primeiros dias de João Pessoa.

Adoro sol, mas foi muito bom ver esse dia cinza, essa chuvinha fina caindo sem parar. O mar também estava cinza, cheio, meio rebelde, apesar de a chuva não ser forte. Só que o calor não diminui, até aumenta, porque não venta muito quando o tempo está assim.

(...)

O forte do verão aqui é em fevereiro, e aí as coisas mudaram. Ficou muito mais quente, parece que o vento diminuiu, a gente pensa umas três vezes antes de sair de casa. Comecei a entender a arquitetura dos prédios. No nosso apartamento as janelas são pequenas, e as portas-janelas, das varandas, são bem recuadas. Assim, nunca entra sol diretamente no apartamento. Ficamos numa agradável penumbra, e percebi que, se fosse diferente, com sol batendo direto nos aposentos, seria um inferno! Mas no começo estranhei, e xinguei um monte o arquiteto que tinha projetado o prédio porque quase não tínhamos luz direta. Por isso, se alguém aí do sul quiser se aventurar por essas bandas de cá, não vá atrás de apartamentos ensolarados como fazemos em Curitiba! Ah! E prefira os imóveis com as janelas de frente para o mar ou para o sul, que com o vento que sopra nem há necessidade de ar condicionado.

(...)

Nessas idas e vindas, do frio para o quente e vice-versa, eu fiquei com rinite. E depois fiquei com gripe. E agora estou com dor de garganta. Toda essa ladainha é para explicar porque estou tão feliz com esse dia nublado e chuvoso. Quando estamos doentes, queremos que o mundo também fique mais melancólico e solidário com nosso estado de espírito. Assim, o dia foi perfeito. Entre um livro, um filme e uma revista, olhava pela janela e só via o cinza, o que me confortou bastante. Foi muito melhor do que ver o céu azul e o sol ardente, que chamam a gente para a atividade, coisa que hoje não seria possível.

Diretor de Texto

Se existe Diretor de Arte, por que nós, redatores, não podemos ser chamados de Diretores de Texto?

Deve ser porque a gente usa o Word como ferramenta, e eles trabalham com programas mais difíceis de dominar, como Illustrator, Photoshop, Corel Draw.

Word, até o cliente usa. Também deve ser por isso que alguns já mandam o texto pronto. Afinal, bater no teclado, qualquer um faz, né?