9.11.05

No Rio, também vou de ônibus

Luciene, sua temperada engrossou o caldo no quesito "ônibus" dessa minha cachola. Mal sabe você que, das experiências que tive no Rio de Janeiro, a maioria tem a participação especial de um coletivo.

Em 1995, eu e minha amiga fomos ao Barra Shopping de 175, a despeito de nos desaconselharem a idéia. Duas curitibanas bobonas e branquelas passando na Rocinha não era seguro. Aí é que a gente foi mesmo. A contestação tem o poder de transformar qualquer episódio rotineiro em aventura.

Nas mesmas férias, voltamos de Cosme de Velho à noitinha e pegamos um ônibus cujo motorista era completamente alucinado. Então ficamos na parte de trás, agarramos naqueles ferros e entregamos nossa alma ao Cristo Redentor que tínhamos acabado de visitar. Foi super divertido, até porque a gente percebeu que na hora do rush o movimento não deixa ninguém passar muito tempo correndo.

A terceira experiência aconteceu no Carnaval deste ano. Fomos de ônibus até Santa Teresa porque o bondinho estava em greve. Subimos até o Corpo de Bombeiros, de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade. Mas que subida! À toda velocidade, o ônibus escalava as ruas estreitas e cheias de curvas sem nem dar por isso. Passava perto dos parapeitos e rabeava a traseira.

Agarrada no banco com as mãos suadas, torcia para não aparecer nenhum cachorro ou criança na frente daquele bólido tresloucado. Das duas uma: ou ele ia frear e cairíamos todos sobre as pitorescas casinhas que iam ficando para baixo, ou atropelaria quem tivesse na rua. Depois disso, as curvas do aterro do Flamengo foram fichinha.

Parece que andar de ônibus no Rio é uma experiência de extremos. Não sei o que foi pior: passar tantos sustos com a correria dos motoristas ou levar 20 minutos apenas para dar a volta em uma quadra de Copacabana.

Um caminhão de lixo resolveu fazer o mesmo trajeto e acabamos ficando atrás dele, acompanhando a coleta dos sacos plásticos, o esvaziamento dos latões e o cheiro dos restos entrando pelas janelas. Finalmente, conseguimos escapar e rezamos à Nossa Senhora de Copacabana para que nos protegesse do motorista que desembestava pela rua por conta do atraso.

Tenho um carinho especial pelos ônibus do Rio. Deve ser porque eu não preciso andar neles todos os dias. Quem sabe não inventam um roteiro turístico à base de coletivos? Conhecer a cidade vai ser ainda mais emocionante.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gentil sua indicação do Multi. Há pessoas de temperos variados por lá.

Ah, ao que parece, você pegou mesmo o espírito da coisa, Adriana. Os motoristas de ônibus do Rio são mesmo alucinados - quando eu morava no Rio e apenas estudava em Niterói, pegava o 260 diariamente para ir e voltar. O 260 é o último grito em bólidos tresloucados.

Ah, as casinhas de Santa Teresa são mesmo pitorescas - aliás, o bairro é uma delícia, pena que a violência - outra característica marcante daqui - esteja chegando perto de lá.

E o tempo é mesmo relativo: posso chegar de Niterói a botafogo em 35 minutos, e levar mais de 40 para me deslocar entre Fonseca e Icaraí, bairros da cidade onde moro. Mistérios fluminenses...

:***

Nina disse...

Podiam importar a "Jardineira" curitibana. Se bem que esta nem corre muito...