21.12.05

Feliz Natal!

13.12.05

Minha lista de presentes de Natal

Querido Papai Noel

Preciso confessar que gostaria de ter sido mais boazinha neste ano que passou, mas acabou não rolando. Mesmo com as gotinhas da homeopatia, meu gênio não melhorou muito.

Gostaria de ter gritado menos, ter sido menos ranzinza e rancorosa; preferia ter sido mais calma, equilibrada e controlada; deveria ter feito mais exercícios e menos tempestades em copos d´água já tão perto de transbordar. Mesmo assim, me arrisco a fazer uma listinha de presentes. Deixo para você decidir se mereço ou não ganhá-los, ok?

1) válvula de pressão para segurar a onda quando o sangue ferve
2) espelho para enxergar verdades
3) óculos para ver nos outros o que eles mostram e a gente não presta atenção
4) um salto bem alto e bem firme para ajudar a manter o nível nas situações críticas
5) dispositivo para amolecer o coração
6) interruptor para desligar pensamentos sombrios nas noites de domingo
7) inibidor de superego
8) dispositivo de abstração de situações absurdas
9) kit felicidade: saúde, paz, gratidão e bom humor
10) um adidas creme e rosa, que ninguém é de ferro.

É isso aí, Santa Claus. Espero que você apareça lá em casa na noite do dia 24. Nem que seja só para me dar um abraço bem apertado e um beijinho de Feliz Natal.

5.12.05

Ferida profunda

Como o churrasco seria em uma chácara, ao ar livre, aproveitei para levar o cachorro. O bichinho nunca vê mato, no máximo a grama e os tufos que conseguem vencer as pedras das calçadas. Mas como ele não obedece e sai correndo, ficou preso a uma árvore, com seus 5 metros de guia marcando o diâmetro da área em que poderia circular. Um pedacinho de carne jogado aqui, um ossinho largado ali, e ele foi fazendo a festa. De vez em quando, alguém ia até perto dele e fazia um cafuné.

Eu não vi quando o outro cachorro chegou. Estava na "casinha" fazendo xixi e escutei o choro alucinado. Terminei calmamente porque havia muita gente ali para ajudar. Se eles pensaram que eu ia ficar histérica e desvairada, estavam muito enganados. Não é porque eu adoro o cachorro que ia derrubar a "casinha" e sair correndo com a calcinha no meio dos joelhos e um pedaço de papel higiênico na mão. De mais a mais, entremeada aos gritos lancinantes, uma voz dizia "calma, calma, tá tudo bem, já passou".

Os choros diminuiram e se transformaram em gemidos carregados de dor e revolta. Digam o que quiserem, mas os cachorros também expressam raiva, tristeza, humilhação. Ele olhava desconfiado para as pessoas que o acalmavam e se encolhia todo sob as mãos que lhe alisavam o pelo molhado da baba do grande cachorro preto.

Apesar dos gritos, não havia ferimento aparente. Depois de um tempo, ele voltou a latir pelos pedacinhos de carne e a fazer festa para quem lhe desse atenção. Continuou bem a tarde toda e voltou dormindo no carro. Mas quando chegou em casa, foi para seu lugar no sofá e lá ficou. Deitado, com a cabeça apoiada nas patinhas esticadas à frente, olhava de baixo para cima com os olhinhos bem pretos e úmidos. Era o olhar de quem havia sido vítima de uma injustiça.

Não tem como saber o que ele está pensando desde o ataque do outro cachorro. Mais tarde, quando percebi que certos movimentos eram acompanhados de gemidos, examinei novamente o corpinho e encontrei a mordida. Havia um pequeno furo de um lado e um arranhão de outro. Apesar da dor física, penso que o principal machucado tinha sido no orgulho dele.

Por estar preso, não pôde se defender adequadamento do outro cachorro. Mesmo sendo um pequeno poddle, nunca teve medo de raças maiores e sempre colocou limites quando as brincadeiras ultrapassavam o ponto em que ele as considerava seguras ou agradáveis. Ser atacado por um cão maior e solto era covardia. Talvez seja por isso que seu olhar esteja transmitindo muito mais tristeza do que dor física.

O pior quando se sofre uma violência é não poder reagir. A sensação de impotência traz sérios danos ao orgulho e à auto-estima. Mesmo depois de já ter começado a cicatrizar, vejo que a ferida é muito mais profunda do que aparenta, chegou ao coração do cachorro. Ele vai se recuperar. Mas enquanto isso, anda quieto e sem graça pela casa. Ele aprendeu, de uma maneira difícil, o quanto dói uma injustiça.

2.12.05

Pearl Jam, parte II - estatísticas

Uniforme básico da galera:
1) camisa do Pearl Jam
2) camisa do Ramones
3) camisa preta
4) sem camisa

Homens x mulheres:
70% x 30%

Cotação da cerveja:
R$ 3,00 (na banca)
R$ 4,00 (no ambulante)
R$ 5,00 (no câmbio negro, após 21h30)

Idiomas:
1) Português
2) Portinglês (Eddie Vedder)
3) Embromation (galera cantando)
4) Deutsch (um pirado pedindo informação na porta do banheiro)

Metáforas:
1) Show Orkut: onde você encontra colegas de escola e faculdade que nunca mais tinha visto.
2) Show de Fé: você não consegue ver o Eddie Vedder à distância, mas acredita piamente que é ele quem está lá.

Tipos de público:
1) público carteira de estudante - de 15 a 25
2) público leite em pó - acima de 25
3) público relógio - acima de 45, contando as horas para acabar o show e levar as crianças pra casa

Cardápio da noite:
1) Skol
2) Skol
3) Nova Schin
4) Nova Schin
5) Nova Schin
6) sprite genérico
7) crepe
8) suco de goiaba com cenoura

Cardápio da manhã seguinte:
Água, água, água, café, neosaldina, água.

Atividade física:
1) caminhar até a Pedreira
2) andar até a banquinha de cerveja
3) pular no lugar
4) correr atrás do Interbairros II
5) rastejar até o chuveiro
6) cair na cama

Pearl Jam: jornalista fala o que quer e ouve o que não quer

Uma jornalista da Gazeta escreveu um artigo na edição on line sobre o show do Pearl Jam (leia aqui), ontem. A moça desanca o show, mas o problema não é esse. Ela parece não ter estado por lá. A galera não gostou e, desde ontem, o perfil dela no Orkut tem recebido scraps de protesto.


A Gazeta do Povo é tão ruim, mas tão ruim, que nem publicou uma matéria decente sobre o show ontem. O UOL, que nem é daqui, já tinha colocado a cobertura na internet antes mesmo da meia noite do dia 30.


E por falar em textos sobre o Pearl Jam, semana que vem, dia 8, sai a minha versão, no Digestivo.